terça-feira, abril 07, 2009

Convite para NADA



Finalmente, há NADA no ciberespaço! Devemo-la, para além de qualquer medida, ao João Urbano, criador de cultura no sentido mais amplo e generoso do termo. Há poucos como o João. E muito poucos em Portugal, lugar onde a vivacidade de espírito, a criatividade inquieta, algo desse caos interior que nos retira aos pequenos negócios do quotidiano, parecem inconveniências para a carência em que arrastamos as vidas.

O nada da NADA é diferente: não é o sentido que se faz nada à nossa volta (todos podem vê-lo, se quiserem), mas antes o regresso ao NADA de toda a explosão de sentido. Estamos na NADA com muito prazer e orgulho. E vamos desfazendo os pequenos nadas para que o sentido e os sentidos possam aparecer nus, terríveis, sarcásticos e indiferentes aos pequenos programas que lhes queremos impingir.

www.nada.com.pt

Atenção: a NADA continua a sua existência de papel. Como lá escrevemos, não se trata de um upgrade:
«A Nada entra na rede depois de já ter passado seis anos no papel. Não se trata de uma migração porque não é para um lugar que nos dirigimos. Permanecemos no papel porque ele nos lembra uma persistência áspera das palavras que nos encanta ainda. Mas aquilo que se sustenta de nada não pode ser definido pelo seu suporte. Nem pelo suposto lugar que esse suporte ocupa. Muito menos pela origem ou pela referenciação temática. As palavras que nos ocupam andam perdidas connosco. Deslocar as palavras nada nos diz. Desde sempre, as palavras encontram-se já deslocadas, razão pela qual o ciberespaço poderia ter sido a explicitação dessa condição se não estivesse transformado na farmácia sem horário e sem prescrição do nosso tempo.»