quinta-feira, janeiro 22, 2015

Jacinta canta «In der finster»



Já aqui coloquei música do séc. XVIII para cravo (Couperin) e canto dhrupad do norte da Índia. São algumas das formas musicais, dos instrumentos e dos artistas que considero mais preciosos, preservando algo que é essencial à música e que hoje parece quase esquecido: um laço infinitamente ligeiro e perene entre a beleza e a espiritualidade. Faltava a referência à cultura e ao canto Yiddish, a língua falada pelos judeus da Europa Central, cuja cultura é quase erradicada no Holocausto. Ei-la pela voz de Jacinta, uma artista nascida na Argentina, filha de pais que fugiram às perseguições e aos pogroms.
Jacinta vive há muitos anos em França, onde tem divulgado, sempre com elegância e rara simplicidade, a tradição musical Yiddish. Esta nasceu nos ghettos, subtil mistura de nostalgia, alegria e dor. Nunca tendo sido uma cantora com grande êxito (para que precisaria ela do êxito, se tem a alma?), gravou diversos discos em yiddish, castelhano e francês. Dela conheço um, belíssimo: «Autres chansons Yiddish», Ocora, 1992.

Na obscuridade os teus olhos fazem-se mais belos
Na obscuridade as tuas mãos são mais frágeis
Na obscuridade, és mais terno, mais delicado...

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